terça-feira, 1 de setembro de 2009

Da (des) construção

Hoje estranhei o dia logo cedo. Um amigo, que não acorda tão cedo assim, apareceu em casa, justamente para me acordar. O melhor é que me pegou levantando. Vinte para as onze da manhã.Estranhei de novo, porque a gente ficou um bom tempo jogando conversa fora e ouvindo sertanejo num toca fita intalada num Vectra 2000. Sim, um toca fita! Sim, sertanejo..... e raiz!Mais uma vez estranhei porque quem eu esperava que me acordasse não me acordou: meu tio. Por que ele viria? Para consertar a casinha do cachorro. Serviço simples que não levaria muito tempo mas, conhecendo meu tio, ele iria querer fazer isso logo cedo.Veio à tarde. Duas e pouquinho. Estranhei de novo!começamos a construir a nova casinha. Interessante, mas as máquinas de cortar coisas aparentemente muito sólidas, não são a minha praia, muito menos o pó que elas fazem!Depois veio a melhor parte: destuir a velha casa. Deus, como pode? Nunca me senti tão feliz na minha vida. Ria uma risada que, mesmo para mim, era estranha. Bati a vassora com violência em cima da tal da telha de eternite (acho que é esse o nome!), quebrei tudo.... até a vassoura! Gritei num êxtase estranho e, pela primeira vez, entendi aquilo que eu sempre achei ridículo nas artes marciais: o grito. O grito, segundo eles, ajudava a liberar e aumentava a energia e a força dada num golpe, coisa estranhíssima e vergonhosa para mim. mas foi exatamente isso que aconteceu. Me vi de quiimono, empunhando a espada e desferindo o golpe... na cabeça, dividindo-a em duas, ou no pescoço, dividindo o corpo em dois: cabeça e tronco. Estranhei.Mas não foi só isso e eu estranhei novamente. Todos os meus rancores e minhas raivas praticamente se materializaram nas telhas e madeiras que quebrei. Vi cada rosto, cada olhar, cada pensamento, cada rancor tomar forma e logo ser destruído.... uma delícia!Falta agora pintar a casa. Enquanto escrevo, aguardo que meu tio traga o pincel. A tinta eu tenho... será que isso me levar à outras esferas também, ou será que hoje já chega de filosofias baratas?........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................Sei lá se hoje já chega de filosofias baratas! O que sei é que acabo de voltar do meu quintal, onde deixei uma casinha de cachorro azul, com bolinhas amarelas. Acho que as artes se libertaram agorinha, agorinha!

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