sexta-feira, 21 de maio de 2010

Conversa de escadaria

Pés duplicados em passos sincronizados até o meio do corredor, virando à direita, descendo a escada:
- Nossa, como você está nerd, hein? Não imaginava você assim!
- Acontece, não é mesmo?
- É... Eu me peguei vendo vídeos de MMA esses dias...
- Eu não imaginava você vendo isso!
Fim da escada...

Uma alma é um mosaico de outras......

quinta-feira, 6 de maio de 2010

"As he spoke my spirit climbed into the sky
I bid it to return
To hear your wonderous stories
Return to hear your wonderous stories
Return to hear your wonderous stories"

Certo dia, li que nós éramos do tamanho de nossos sonhos. Sempre me perguntei se os sonhos realmente são medidas para se mensurar o tamanho de alguém. Hoje vi que isso é meio defasado.
Acabo de voltar de uma palestra de alguém que se tornou grande com um sonho simples e pequenino: devolver aos seus vizinhos as histórias de imigrantes que os ouvira contar.
Quando ouvi a história das histórias que ele ouvira, percebi que não só seu pequeno sonho foi realizado, como foi aumentado e transmitido a mim, paulista, sentada numa platéia, anos depois, sem nenhuma descendência de imigrantes russos e nem um traço de ‘gauchês’.
Fora o encanto que passei a sentir ao ouvir tudo aquilo, enfrentei a surpresa. Buscava respostas para as minhas dúvidas com relação ao trabalho de escritor. O que vi foi a simplicidade de um ‘não sei’ tão leve e tão confortador como seria uma resposta bem formulada e toda compostas de argumentos coerentes e coesos.
A literatura, segundo Moacyr Scliar, o membro da Academia Brasileira de Letras que só queria escrever para o bairro gaúcho em que vivia, é plena de emoção. E foi isso que vi hoje.
Não é fácil identificar a origem da vontade de escrever, muito menos a origem das histórias que se escreve. Elas são frutos da imaginação.
Eis aqui o médico: inspiração, segundo Moacyr, é fruto da segunda parte em que se divide a mente, o inconsciente. Eis aqui o escritor: inspiração é algo do inconsciente que abre a porta para o inconsciente, trazendo à tona toda nossa imaginação, toda a nossa fantasia. A literatura, então, é o inconsciente dando voz às nossas fantasias.
O escritor tem grandes ou pequenas idéias. A diferença dele para os outros é que ele sabe escrever. Ou seja, é preciso dominar uma técnica literária. Como se domina uma técnica? Simples, sendo leitor.
E o que se lê? Lê-se o que se quiser! Eis aqui o piadista: Se você quiser ler a lista telefônica, eu te direi que ela tem personagens demais...
E mais: o escritor, quando relê seus textos, quase sempre se incomoda com eles, nunca gostará do próprio texto. Sempre pensará que uma frase ou uma palavra poderia ser mais bem colocada, sempre achará erros.
A literatura é fruto de emoções, é veiculada por elas. E tudo isso numa história... tão simples, tão sublime!