sábado, 12 de outubro de 2013

Zerando a vida ou Black Sabbath em São Paulo

Em show mais do que memorável, Black Sabbath volta a São Paulo. 



O tempo pareceu reverenciar o evento da última sexta, 11 de outubro, no Campo de Marte: uma lua imensa, num céu escuro e vento frio completaram o clima pesado e sombrio da noite. Até ele pareceu saber quem subiria ao palco, para detonar tudo o que estivesse em pé, numa porradaria capaz de saciar os mais vorazes: Black Sabbath, os pais do heavy metal, com Megadeth na abertura, banda não menos prestigiada.
Megadeth, apesar do show impecável, com músicas como "Hangar 18", "Holly wars", "Peace Sells" e a clássica "Symphony of destruction", e de um Mustaine frenético, não era do meu interesse na ocasião e serviu para que eu abrisse caminho rumo ao posto mais próximo da grade possível, em meio ao bate-cabeça gerado. Porém, a banda contava com fãs fervorosos e mostrou a que veio, funcionando como uma bela -e pesada- entrada.
O que eu queria mesmo, coincidentemente após treze anos de espera, era o prato principal: Black Sabbath, em sua turnê de lançamento do "13", novo álbum da banda, e, por que não, de reunião. 
Todo o bangear do show do Megadeth não foi capaz de descrever o que viria depois. Com o palco coberto por uma cortina preta, por onde só era possível ver os conhecidos símbolos dos nossos pequenos diabos, o vocalista chamando o público e as sirenes introdutórias de "War Pigs" -porque banda que é banda não espera fim de show para clássico, faz um show cheio deles, desde o começo!- é que o verdadeiro espetáculo começou. Êxtase sem tamanho.
O show seguiu com as matadoras "Into the void" e "Under the sun", gerando uma onda de cabeças balançando e mãos ao alto, com indicador e mindinho eretos, símbolo conhecidíssimo dentro e fora do mundo metal. Porém, foi ao ouvir o anúncio de "Snowbllind" que a histeria tomou conta desta que vos escreve: uma mistura de ameaça de choro, gritos e nosso sinal de respeito e admiração à banda mais famoso, aquele que se transforma em verdadeira reverência ao membro masculino e derivados, como "caralho" e "porra", seguidos de um "cara" e de mãos levadas à cabeça, numa clara demonstração de incredulidade ao que se passa à sua frente, merecendo, claro, cabeças olhando com cara de susto.
Após essa música, a banda introduz uma das faixas de seu novo álbum, "Age of reason", cantada pelo atualizado público do show. 
Aproveitando o clima e cumprindo a promessa de levar-nos aos primórdios da banda, é possível ouvir a clássica tempestade introdutória de "Black Sabbath", cantada em uníssono pelo vocalista e pela audiência frenética e bangeadora.
A banda segue tocando "Behind he wall of sleep" e deixando o gênio das 4 cordas, Geezer Butler, com seu solo que viraria a sensacionalíssima "N.I.B", para outra onda de histeria desta que vos escreve, merecendo novas cabeças olhando com cara de susto e vozes perguntando sobre meu estado atual -Tá tudo bem aí?-.
Após esta maravilha, mais uma das faixas do novo álbum, "End of the beginning", também cantada pelo público estasiado.
Eis que as fadas de botas surgem no telão, junto com os primeiros acordes de "Fairies wear boots", outro clássico cantado em uníssono. Como emenda, a instrumental "Rat Salad", seguida de um solo extremamente estasiante do novato -na banda, ok?- baterista, Tommy Clufetos. 
Após o solo que deixou todos boquiabertos, "Iron Man", o clássico que jamais faltará num show do Sabbath e que jamais será incômodo de ouvir. Precisa dizer que o público foi ao delírio?
"Gos is dead?" foi a faixa do novo álbum que deu continuidade ao show, esta sim se assemelhando aos clássicos já tocados, devido ao uníssono em que foi cantada. 
Um terceira onda de histeria invadiu esta que vos escreve ao ouvir o anúncio de "Dity Women", clássico da banda que quase nunca vi nos set lists, seguida de um comentário feito pelo vocalista "I like dirty women", respondido pela minha companheira de show com um "Deixa a Sharon saber disso!", piada que deu mais clima ao som (Thanks, Rueda!).
Como tudo que é bom, embora tenha tido umas boas duas horas, sempre acaba, "Children of the grave", um matador clássico da banda e indicador do final do show, chegou arrebentando aquilo que ainda ousava estar de pé, depois de tanta porrada.
Como todo bom showman, Ozzy pede para que fiquemos loucos -Jesus, mais ainda?- neste som e então receberíamos a recompensa de mais uma música. Acho que demos conta do recado pois recebemos a introdução de Sabbath bloody Sabbath - se senti falta lancinante de alguma coisa neste show, foi desta música e de Supernaut- e, para derrubar o que ainda teimava ficar em pé, num bate cabeça épico, outro clássico que jamais faltará em qualquer show que se preze, ainda mais no show daqueles que criaram o som: Paranoid. Thank you, São Paulo. You are the one. Gos bless you all! Ide em paz e que o êxtase os acompanhe! 
Quer saber? O show valeu cada centavo gasto com ingresso, alimentação e transporte, cada segundo de espera, cada empurrão, cada hematoma, cada ameaça ao meu joelho direito. Épico, se é que esta palavra descreve a noite de 11 de outubro de dois mil e 13.

Membro por membro

Tony Iommi mostrou porque é um dos guitarristas mais aclamados e mais influenciadores do heavy metal. Com sua presença de palco soturna e seus riffs inconfundíveis, o lorde mostra todo seu poder. Valendo-me das expressões mais atuais, o câncer bate em tamanha lordeza e não só volta, como é catapultado... para a puta que o pariu, de preferência. E, pelo menos perto de mim, não ouve quem ousasse ficar de braços abaixados e de boca fechada quando Iommi parou de tocar, pôs a mão na cintura e olhou o público com cara de "Porra, galera, vocês morreram? Vamos agitar!" Ganhou, merecidamente, várias vozes ovacionando seu nome, neste e em vários momentos do show e eu vi, juro que vi, um sorriso de satisfação sair daquele rosto. Um lorde.... sem mais!

Geezer Butler, o gênio das quatro cordas e algumas das letras mais marcantes da banda, como a da música de abertura, é outro que mostra porque deve ser ovacionado, como foi no show, por eras. Seu baixo sombrio compõe a cozinha da banda e nos dá a ideia do porquê as pessoas se assustavam ao ouvir a então desconhecida Black Sabbath, logo nos primeiros acordes. Para quem ainda tinha dúvidas, o solo que antecedeu "N.I.B" cessou-as. Sua presença de palco deixaria a desejar, não fosse ele o gênio que é. E é até compreensível, pois gênio que é gênio sabe que será procurado, visto e reconhecido, fato que comprovei ao tentar ver o baixista no palco diversas vezes durante o show.


A presença de palco fica mesmo com o vocalista, Ozzy Osbourne. Com mols (Thanks one more time, Rueda!) de carisma, disposição (ao final do show ouvi uma declaração que também era minha: "Porra, eu lá, com o braço cansado de bater palmas, e o Ozzy lá, pulando, batendo palma e cantando.... foda!") e hiperatividade, o Madman mostra a todos o porquê de seu apelido: dança, pula, bate palma, corre para todos os lados, joga água na cabeça, morde um dos indigestos morcegos jogados no palco, rege o público e ainda consegue ser uma das vozes mais amadas do rock´n´roll. Amados por ele também somos nós: por incontáveis vezes recebemos bênçãos, declarações de amor e reverências do vovô Osbourne, que, com um sorriso no rosto, mostra sempre a satisfação que é subir no palco. 



Senti falta de Bill Ward, mas não porque seu substituto tenha feito um mau serviço, muito pelo contrário: Tommy Clufetos, um menino entre gigantes, mostrou porque fora escolhido pelos pais do heavy metal para compor a banda, honrando o posto com uma cozinha impecável com Butler e Iommi e com o solo predecessor de "Iron man" extremamente eletrizante, deixando todos, certamente, boquiabertos. Se coubesse a comparação e se a personagem existisse, diria que Goro é quem tocava, tamanha a precisão e rapidez de Clufetos. Tem todo o meu respeito e o dos aproximados 70 mil [número não oficial] bangers presentes.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Anúncio de emprego

Vaga de [insira aqui o cargo]

Empresa de [insira aqui o tamanho] porte contrata profissional para a vaga de [insira aqui o mesmo cargo do título]
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Boa redação e conhecimentos da nova rebor..., digo, regra ortográfica.
Conhecimentos avançados de inglês, espanhol, mandarim, alemão e russo. Uma sexta língua será um diferencial.
É importante também que o profissional tenha conhecimentos sólidos em Illustrator, Corel draw, assobiar e chupar cana, open e close Office, Trados, Indesign, fazer café, chá e cupcakes, Photoshop e Acrobat pro.
Pede-se também que o candidato seja proativo, sociável, paciente- praticamente Dalai Lama- persistente e que goste de correr riscos.
Disponibilidade para viagens, para residir na Conchinchina e carteira de habilitação para carro, moto, caminhonetes, caminhões cegonha, treminhões e brevê são diferenciais.
Benefícios: salário compatível com o mercado [insira sua interjeição de discordância ou palavrão aqui], vale alimentação, aumento da sua autoestima nos primeiros meses (e somente neles), vale transporte, diminuição da cobrança alheia, plano de saúde, diminuição ou mascaramento de horas gastas no facebook, cursos de aperfeiçoamento.
Candidatos que preencham todos os requisitos acima, favor enviar currículo, portifólio, certidão de nascimento, foto com a aparência mais novela das oito possível e antecedentes criminais para [insira o e-mail aqui]




quinta-feira, 18 de abril de 2013

God pode até estar dead, ao contrário do Sabbath!



Uma bela noite, enquanto eu tentava dormir e meu irmão usava o velho PC, arrepiei-me quando ouvi os acordes tenebrosos daquela que viria a ser minha banda de cabeceira. Era Black Sabbath, faixa da banda de mesmo nome. Desde aquele tempo, nos meus idos 12 anos, essa mistura de medo e êxtase fez com que eu mergulhasse, para nunca mais sair, dentro do universo visceral do heavy metal. Creio que comecei bem até demais.
E, para minha surpresa, treze longos anos depois dessa história e mais de trinta e cinco anos após o último CD com a banda original, surge 13, o novo álbum desses que são meus ídolos desde a mais tenra idade.
Emocionada estou, de fato, pois, guardada as devidas proporções, que aqui passam por um câncer, milhões de drogas e a perda do alcance da voz do vocalista e a palhaçada de tirar o baterista original e chamar o disco de reunião -sou fã, não retardada-, tem o mesmo mix de pânico e êxtase daquela primeira faixa.
O ousado single saído hoje, se muito não me engano, já começa dizendo a que veio: "God is dead?", um single com 9 minutos, não é ousadia para qualquer um. Tony não decepciona com o bom, velho e efetivo riff pesado, revisitando clássicos da banda como "Holly in the sky", muito menos com o resto da linha de guitarra da música, que soa e ressoa o puro Sabbath. Butler, se não sabia decidir entre um lanche ou um suco no intervalo das gravações, com o baixo tem certeza do que faz e a linha desse instrumento nesta música é genial e, com a guitarra de Iommi forma um par sensacional. O baterista não deixa a desejar, mesmo não sendo o Bill, if you know what I mean. Bill Ward fará falta para mim sim, não só por causa da reunião sem ele não ser propriamente uma reunião, mas por saber que não terei a chance de ver e ouvir ao vivo "It´s allright" e outros sons cantados por ele e também por ser ele quem é: membro fundador da banda e, como tal, um ser extremamente importante para a história da banda e do heavy metal.
E o que dizer de Ozzy Osbourne, meu amado vocalista? Bom, ele sempre será meu ídolo master, devo confessar, mas a real é que ele não tem mais a voz que tinha antes, devido aos abusos de drogas feitos durante toda sua vida e, se esse Cd teve auxílio de alguma tecnologia avançada para melhorar o som dos caras, o que eu duvido um pouco, com certeza a maior parte foi para o vocal. Isso porém, não diminui, mas nem um pouco, o efeito que Osbourne causa quando começa a cantar.
Em resumo, o que posso dizer de "God is dead?" é: matador, como o velho Black Sabbath foi. Nem vi passarem 9 minutos!

Ouça aqui e comente o que achou (desconsidere a moça atrapalhando o anda da carroagem no meio da música).

terça-feira, 20 de novembro de 2012

FUCKING JESUS.... EMBURRECI!
Não consigo escrever um ensaio autoral. Consigo escrever artigos, redações, o que chamo de poeminhas, historietas, contos e um monte de besteiras, mas não consigo escrever um artigo autoral. Escrevo textos sérios e engraçados, mas não um artigo autoral. Talvez porque ele seja um texto de intermédio, nem um, nem outro. Talvez por que eu não saiba o que é um ensaio autoral, na verdade e em essência. Talvez poque eu não tenha opinião formada sobre tudo e não possa sair por aí escrevendo umas sete páginas a torto e a direito. 
Vale dizer "eu acho que"? Vale falar de mim como "nós"? Vale dizer "eu acho isso, baseado no que li a respeito"? Vale dizer "Cala a boca e me leia que eu sei do que estou falando! Li trocentos textos"? 
Coloquei todas as ideias no papel e, quando vi, já estava artigo. Tentei fazer virar uma de minhas historietas e nada. Era artigo e pronto! Sério demais, derramou. Transbordar não é lá coisa muito legal, já diriam minha vó, meu pai, meus amigos, professores e a banha por cima das minhas calças.
Fiquei dias lidando com aquilo e nada. Escreve muito e não diz nada. Está repetindo. Prolixa, prolixa, prolixa! Escreve muito e não diz nada. Está repetindo. Prolixa! 
Talvez eu não saiba exatamente o está acontecendo. Coloquei todas as ideias no papel. Coloquei, juro!  
FUCKING JESUS.... EMBURRECI!