domingo, 17 de abril de 2011

Fato é que sou fã das vírgulas
E o ponto final me aborrece

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.

Tradução de SILVA RAMOS, Péricles Eugênio da. Hamlet Editora Abril, 1976.

domingo, 3 de abril de 2011

The happiest day of my fucking life (part. II) ou 02/04/11

06:30... eis que o relógio desperta. Acordo feliz, apesar do sábado e do horário.
Banho, café, malas prontas, capítulo do livro para o TCC lido –desencargo de consciência!-... lá vou eu!
Ônibus, quatro horas que mais parecem 4 eras geológicas... Geológica? Dinossauro? Era isso mesmo que desejava ver.
Terminal Tietê, pressa, rua, fucking sinal que não fica vermelho para os carros!
-Moço, como é que faço mesmo para chegar na Olavo Fontoura?
Você vai reto, vira à direita, depois à esquerda e vai estar logo no Anhembi -esse sabe das coisas!- ... obrigada!
Sorriso demente, uniforme preto, caminhando às duas da tarde... lá vou eu!... I AM WARRIOR, I´M FEARLESS...
-Aeeewww Mairnque / São Roque! Alguém me reconhece na fila da pista. Paro para conversar.  Se quisesse, teria lugar ali mesmo. De onde será? Nenhuma memória!
Anhembi, portão 25. Ué.... ninguém?
-Pista Premium não tem fila?
-Só entrar moça, diz o segurança.
Perdi a conta dos ‘obrigada’s!
Fila pequena... umas duzentas pessoas. Em comparação com a pista, suave demais!
Pai e filhos de campinas.... um sarro!
Telefonema... onde você está? Putz... busão de merda!
Amizade com o casal da fila: ele de Americana, ela do Rio Grande do Sul. Papo, foto, etc etc.
Portão aberto, revista, meu lanche jogado fora. Uma mentira: sou diabética! Uma sorte: uma enfermeira para confirmar! Um salvamento: M&M´s.
Pulseira na mão...
Entro. Coloco a mão no rosto porque simplesmente não acredito. IN GOD... OPS.... IN OZZY WE TRUST! Foto!
Palco perto, pertíssimo! Tweet!
Sorriso demente, dementíssimo! Ninguém o tire de mim!
Foto, foto e mais foto!
Ao meu lado, uma criança... uma criança? É... já tinha ido no Acdc –inveja!-, iria no Rock´n´rio... orgulho! Conversa longa.
À minha frente, dois amigos muito simpáticos. Aliás, tenho que agradecer aos dois, mas mais ao mais gordinho, que aguentou firme os gritos, choro e socos involuntários meus.
 Telefonema: Ei, onde você tá? Balanço o celular vermelho. Grito porque não ouço. Ligação cai. Novo telefonema: olha pra trás.... Aeeeewwwww mulequeeeeeee! Belezinha? Tozzi me acha! 
Chuva! Putz.... Ah, fuck the rain!
Mais chuva. Desta vez muito gelada. E é então que uma bandeira de 80x80 vira abrigo do dono e mais três pessoas.  Depois, outra bandeira vira abrigo de três. Esse é o espírito do metal!
19:00... agora vai? Não, a chuva não deixa!
19:30... e agora? Agora vai, mesmo com chuva.
Eis que entram três monstros destruindo tudo: Sepultura... e o Derek! Monstruosidade: de altura, de largura, de canicalon- calculei fácil 1 metro e vinte.... daí pra mais!- e de voz potente e rouca- já posso ter medo?- porque agora ele ‘tá falando português porra!’ ‘Porra Andreas... caralho, mano!’
ROOOOOOOTSSSSS. BLOOODY ROOOOOOTTTSSSS! E o menino vira pra diz e diz ao pai ‘eles tocam muito!’ Aeeewwww futuro do Metal!
Mais conversa... treze anos, fãzaço da atração principal. Quando lhe foi apresentada? Três dias depois do show anterior...
- Comecei a curtir mais ou menos com sua idade... para e pensa: metade da sua vida- eis a fucking importância disso tudo!
E o menino aprende mais sobre a atração principal com o casal ao seu lado. Aprendiz atento, guiado pelo pai fucking orgulhoso.
Inglês que é, sobe ao palco pontualmente às 21:30, de braços abertos ao público, o dinossauro do heavy metal. I´M A ROCK STAR, I´M A DEALER, I´M A SERVANT, I´M A LEADER, I´M A SAVIOR, I´M SINNER, I´M A KILLER. I´LL BE ANYTHING YOU WANT ME TO BE...
Listen in awe and you hear him (her)- voz de choro- bark in the moon!
I CAN´T FUCKING HEAR YOU…. LOUDERRRRR!
 Espumaaaaaaa!
E ela grita… grita, chora, esperneia! É de verdade... ele existe! Chora, sorri.... canta.... chora!
LET ME HEAR YOU SCREAM -SCREEEEAM, NOT CRYING, FUCK! Onde foi parar seu ingles??
E o dinossauro, agora morcego transformado, desejando o sangue que a plateia dá de muito bom grado, se enrola na bandeira do Brasil que é jogada para ele! Delírio!
Chuva que não dá trégua!
This song is called MISTER CROWLEY, I DON´T KNOW-  Nobody ever told me I´ll found out for myself… you gotta believe in foolish miracles… chora it´s not how you play the game is if win or lose you can choose… win or lose now….. it´s up to yooooouuuuuuuu- chora-, FAIRIES WEAR BOOTS, SUICIDE SOLUTION-chora -, ROAD TO NOWHER- chora, canta olhando para o céu e sentindo cair os pingos da chuva que não dá trégua sob sua cabeça- WAR PIGS…
E a chuva que não dá trégua e engrossa!
FUCK THE RAIN, MAN! FUCK THE RAIN! Baldada na própria cabeça! Shot in the dark!- Esperneia! E canta…. Canta a plenos pulmões!
 Inglês que é, logo vem um: I WOULD LIKE TO INTRODUCE MY BAND… ON KEYBOARDS, ON BASS GUITAR, ON DRUMS AND ON THE LEAD GUITARS, THE NEW ONE GUS G.- que por mim poderia ser tranquilamente a abreviação de Grego Garboso-... E começa o grito em louvor ao novo guitarrista. Deve ser legal ter seu nome entoado pela maior lenda do Metal...e por seu público fanático!
Solos, música instrumental- RAT SALAD, PORRRAAAAAA!-, banda sincronizadinha, ponderosa e cheia de estilo.
Solo de bateria...
 HEY HEY HEY HEY... IIII AAAMMMM IRON MAAAAANNNN! Oh Oh Oh Oh Oh… piração total!
This song called I DON´T WANNA CHANGE THE WORLD! E então surge um monstro a duas cabeças de distância do palco: canta com tanta força, que é possível sentir as veias querendo tomar o lugar da pele do pescoço de tão saltadas e é possível ver as veias saltarem do ponho em riste, socando, com fúria o ar. Afinal, não queremos nos mudar (muito), nem queremos que nos mudem! E se você disser que eu sou pecador (a), te digo que eu também falo com deus e que ele não gosta muito de você também! 1,63m e 72kg de fúria total.... CATARSE!
I CAN´T SEE YOU GO CRAZZZZZYYYY.... Ah, não? Pulemos então, fuck! Fúria imensa. E mais força na voz e no punho! Melhorou...
CRAZY… YEAH YEAH…. BUT THAT´S HOW IT GOES.... Senhoooooooooooooooorrrrrrr! Pula, pula, pulaaaaa! Delírio!
ONE MORE SONG, ONE MORE SONG, ONE MORE SONG!
Logo após, a calma e a doçura da ‘Balada à Sharon Osbourne’, mais conhecida como ‘Mamma I´m comming home’. E o Anhembi inteiro canta, em coro! Deve ser legal ter sua música cantada em várias vozes assim.... arrepio!
ONE MORE SONG, ONE MORE SONG!
GO CRAZZYYYYYYYYY!
E Paranoid começa! Alegria ao entoar o hino!
THANK YOU, GOOD NIGHT, WE LOVE YOU ALL!
Agradecimento ao publico… FOR ALL THIS YEARS YOU STOOD BY ME… GOD BLESS I LOVE YOU ALL!
 Alguns queriam ‘NIB’ e ‘No more tears’- aliás, gritada durante o show inteiro- como eu, mas elas não serem tocadas não pareceu um grande problema. I DON´T WANNA STOP, do Cd anterior, também não tocou, mas e daí? A gente perdoa o Madman... afinal, sem voz, ele fez mais do que pode: I don´t know what happen with my fucking voice today.... I´m a bit voiceless... but I´m doing the best I can! O baixista, que toca seu ombro um pouco antes dessa informação, sabe.... e nós também!
Caminhada de volta ao Tietê. Alguém me toca:
- Moça, como é que eu faço pra chegar ao Tietê? É só ir reto?
-Não, você tem que atravessar a passarela, ir reto, virar à esquerda na faculdade, pegar um bequinho e ir, mas se quiser,estou indo para lá... você vai comigo.
Uma loira e uma morena, que nunca se viram antes, jogam conversa fora, enquanto caminham até o Terminal. Esse é o espírito do Metal.
Ainda me faltavam 4 horas de viagem. Molhada, cansada, pobre, com fome, mas feliz.... muito feliz!
De volta à Araraquara, o mundo é mais colorido, apesar da cãibra, da tremedeira e da umidade. FUCK THE RAIN, MAN! THIS WAS THE HAPPIEST DAY OF MY FUCKING LIFE (part. II)!
02/04/11- Ozzy Osbourne
Local: Arena Anhembi
 Número de pessoas: Eu e cerca de 35 mil fanáticos, que uniram-se, pois só o rock´n´roll salva.
Gastos: Acha que eu contei?
Horas dispendidas: 24 horas cravadas. (inclusive para a escritura desse texto)

Nível de serotonina: o mais alto possível