segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ponto de vista

Escrevi esse texto há muito tempo... Por que não coloquei aqui antes? Não sei... de fato não sei. Já concorri com ele em um concurso, já o vi em segunda fase, o que já me deixa feliz demais, embora eu quisesse ter ganho o tal concurso, como todo e qualquer mortal, diga-se de passagem. Lá vai:


Hoje acordei meio sufocada.  Não respirava direito e o ar parecia quente demais. Depois desse susto, outro: as luzes não eram mais as mesmas. Pareciam foscas, embora me cegassem com a intensidade com que encontravam meus olhos. Ainda assim levantei, me virei para sentar na cama e logo depois me por de pé, como todo estudante quando o despertador toca na mais tenra manhã de um dia que não é nem começo, nem fim de semana. Um dia tedioso... mais um deles! Foi então que percebi que as luzes tinham sido apagadas de repente, e gora, tanto do lado esquerdo, quanto do lado direito, se eu olhasse, veria um breu. Assustei-me. Depois vi que esse breu tinha forma. Tronco... tronco? Braços, tronco, cabeça. Possivelmente, teriam pernas também, mas essas eu não pude ver, devido a altura em que eu estava, fato que percebi nesse meio tempo. Seguranças! Seguranças? Para que eu precisava de seguranças? Me pus de pé para resolver de vez esse problema! Que negócio era esse? Onde é que eu estava? Aquilo parecia meu quarto, mas porque meu quarto teria seguranças? Dei o primeiro passo e colidi com algo que depois descobri o que era... Vidro? Por que vidro? Me tirem daqui já!
O segurança me olhou com uma cara de enfado, não porque tivesse me ouvido; simplesmente porque fazia parte do seu trabalho me vigiar e já era um dia tedioso, que não é nem começo, nem fim de semana. Achou engraçado eu me mexer e balbuciar algo que ele não podia ouvir, coisa que percebi pela sua cara de incompreensão e curiosidade postas numa mesma expressão.  Também achou engraçadas a minha irritação e exigência de rainha contrariada, criança birrenta.  Ficou me olhando espernear e ria-se da quebra de rotina que isso representou. Quando comecei a chorar, desesperada, percebi um início de comoção que logo se dispersou... Hora do almoço!
Foi então que no meio do choro, descobri o que estava acontecendo: eu tinha virado uma preciosidade, uma raridade que deveria ser preservada. O motivo? Não sei! Mas isso explicava os seguranças, o vidro, a altura em que estava... Então percebi que de nada adiantaria minha malcriadez, minha revolta.
Pus no meu rosto meu melhor sorriso, arrumei o quarto o mais bonito e asseado que pude, arrumei vestes galantes e me posicionei na cama do modo que achei mais belo e indiferente, altivo... como as estátuas gregas!, embora eu quisesse mesmo estourar com murros todo o vidro, provocar o som incômodo do soar do alarme, desfigurar a cara daqueles dois brutamontes do meu lado, velando a minha dor contida, e sair correndo, vento no rosto, sol na cara, novos cheiros, novas cores...

4 comentários:

  1. auhsduhsaah

    mas se n eh um kafka...

    isso eh praticamente a barataaaaa (sos)


    mas eh incrivel...gostei mto do texto...

    parabéns @liapfer

    ^^

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  2. ahushaushaushausah! Kafka... boa! auhsauhsuahsuash!
    Só não consegui terminar como ele.... ou será que consegui? ahusauhsauhs!
    Obrigada pelo comentário.
    =***

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  3. Adorei o texto...
    eu diria q é uma fábula moderna da nossa sociedade que se prende a determinadas coisas invisíveis e não pode se livrar delas...

    =D

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  4. Eu não tinha pensado nisso, mas acho que pode ser uma metáfora sim.
    Obrigada pelo comentário, Ná!
    =***

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