sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Querida Poesia,
É uma pena. Poderíamos ter passado muitos bons momentos juntos. Poderíamos ter pego um trem de ferro e ido a paraísos onde as aves gorjeiam como em nenhum outro lugar. Poderíamos ter sido amigos do rei. Poderíamos ter ido à China e trazido um vazo chinês. Poderíamos, poderíamos, poderíamos. Valeria à pena, para nós, duas almas longe de ser pequenas. E mares portugueses não seriam o suficiente. Alguém diria “ou isto ou aquilo!”. E nós escolheríamos os dois.
Mas o fato é que nada mais me agrada em você. E não há melopeia, fanopéia ou logopéia que me faça mudar de ideia. Seu ritmo, sua rima, suas imagens, seu encavalgamento sintático, suas palavras. De fato você me irrita e...
Ahhhhhhhhhhhhh messe que estremece enlourece e o sol celestial, girassol, esmorece... vês?  Me enlouqueces!
Admiro sua inteligência, mas sinto que, de fato, se andarmos junto estaremos diminuindo um ao outro e não seria justo. Sei que você sobreviverá muito bem sem mim. Tens admiradores fiéis e só não os deu espaço para não tornar tudo concreto e eu nada entender.
Me dói admitir, mas prefiro a Prosa. Tua irmã, filha da Linguagem.
 Espero que compreenda,
Leitor.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dez anos desde nosso último banho. Dez anos desde a última vez que toquei seu rosto marcado pelas espinhas e pela falta de paciência da adolescência. Dez anos desde que dormimos nosso último sono.
Dez anos sem catar feijão e jogar conversa fora. Dez anos com excursões e sem surpresas quentes no forno.
Dez anos comendo o mesmo frango com batatas. Dez anos sentindo falta do gosto: doce do amor incondicional, salgado do desejo contido.
Dez anos sem música. Dez anos sem canto. Dez anos sem mão direita e sem rosas levar.
Dez anos sem sua alegria, sem seu sorriso, sem suas lágrimas incompreensíveis. Dez anos sem sentido, sem crença, sem festa.
Dez anos e incontáveis vezes eu desejei correr até você. E então, mesmo em meio a processos, amigos verdadeiros e falsos, temperos e cândida, você abriria os braços e só os fecharia até que eu me aconchegasse por completo.
Dez anos desde seu último sorriso, seu último espanto, sua última surpresa...
Dez anos desde o meu primeiro desespero.
Quem dera corda tivesse outra serventia... 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Às vezes bate uma depressão e uma tristeza. Então, como diria um filósofo cujo nome não me lembro no exato momento, tem-se o primeiro passo para a criação. Se isso é verdade ou não, eu jamais saberei. Sei que funciona para mim, e isso, por enquanto, me basta.
Criei uma frase, comecei um poema. Alguém leu e terminou. Posto o que foi feito. É quase uma pastilha anti-ácido.. denso, pesado, mas que se dissolve, e, de repente, não mais que de repente, já foi:


Um pouco de se, muito de quase...
muito cais, muito mais,
acaso, sorte. Muito amanhã.  




ps: Agradeço, hoje e sempre, à Ane Battagy: http://sobrequalquercoisaquevemdedentro.blogspot.com/

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tradução

Na apostila era mais para uma namorada, mas eu gostei mesmo assim. E claro, não poderia deixar de lembrar das minhas Freundinnen, né?
Ps: tradução livre minha- em rosa, pois é uma homenagem àquela a quem o texto se dirige-.... é, eu sou capaz!

An eine ferne Freundin
À uma amiga distante

Du hörst mir zu, wenn ich mit dir spreche.
Tu me ouves quando falo contigo.
Du antwortest mir, wenn ich Fragen habe.
Tu me respondes quando tenho perguntas.
Du sagst mir die Meinung, wenn es nötig ist.
Tu me dizes tua opinião quando é preciso.
Du hilfst mir, wenn ich dich brauche.
Tu me ajudas quando de ti eu preciso.
Du glaubst mir, ich vertraue dir.
Tu acreditas em mim, eu confio em ti.
Warum bist du so weit Weg?
Por que estás tu tão longe?
Du fehlst mir.
Tu me fazes falta.

Original em: Tangram Aktuell 3- Lektion 1-4 Kurzbuch + Arbeitsbuch (Niveau B1-1)
Lektion 1, Seite 8.

Não era sua intenção, tenho certeza. Quando nada dizemos, a última das coisas que queremos é isso. Quando nada sabemos, damos os melhores conselhos.
Mas é a primeira vez que sigo um conselho de verdade e de todo coração. É a primeira vez que não me finjo de forte, que não ligo, que não penso... que choro. Choro de todo coração. Com todo amor, com todo ódio...
Choro lágrimas do maldito se aceitar, do maldito se importar, do maldito fingir. Mais: do maldito suportar!
Obrigada, é a primeira vez que eu sou eu mesma. É uma pena que tenha sido entre as quatro paredes do meu quarto... Mesmo assim, obrigada... de coração!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Meia hora de almoço II

Depois da do queijo ralado
a um outro tempero eu
diante dos espectadores incrédulos
uma ode prego
porque se não ficar bom com queijo ralado
experimente acrescentar orégano!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Era uma vez uma moça morena e vaidosa, dessas que a gente encontra sem muito esforço por aí: morena, como já dito, alta, um bom peso- o que significa que não dá para ser modelo-, cabelo castanho, comprido, liso e... maquiagem. A diferença é que essa, digamos, não liga só para isso e é bem possível que eu dê um desconto porque rir eu rirei, uma vez que seria cômico, se não fosse trágico.
Enfim, voltemos à história: um belo dia, a nossa personagem resolveu se maquiar. Afinal, quem faz Direito tem que se arrumar do mesmo modo... ou não.
Base: ok. Sombra: ok. Delineador: ok, Lápis para olhos (preto, claro!): ok. Falta mesmo nosso amigo - meu é mais conhecido mesmo... e vai ser assim para sempre!- gloss, afinal de contas o destaque hoje é para os olhos.
Olhou-se no espelho redondo posto na parede mineira alugada, abriu o gloss e, por algum motivo muito misterioso-devia estar pensando no namorado...mulheres têm desses estremecimentos, dessas fantasias!- deixou-o cair no chão. Cacos de vidro para todo o lado e nossa personagem morena-não-modelo se apressou para pegar. Porém, como sempre tem um endiabrado- e os cacos de vidro não fogem à regra- um caco de vidro perfurou o pé fora-do-salto-alto da personagem. Então um vermelho digno de esmalte Gabriele encheu o quarto com sua presença desta vez nem tão alegre.
Moral da história: maquiagens são perigosas, além de sair com água, e é por isso que eu não uso!