domingo, 31 de janeiro de 2010


Soltaste monstro ferido, forte, atado. Com muito custo, atado. E soltaste no mais simples e primordial dos gestos.
A beleza de sua ação não passou despercebida, assim como o mau que causou. Às vezes, as boas intenções surtem exatamente o efeito contrário do pretendido. E a culpa é de alguém, cujo nome não se sabe.
A luz fez com que a ilusão dominasse monstro ferido, a muito custo atado. Fez com que achasse que poderia respirar e ser livre e belo, mais uma vez... só mais uma vez! Mas não. A luz foi demais para o monstro ferido, a muito custo atado, acostumado à umidade e a sombra das pedras.
Há quanto tempo vocês namoram? Nossa, vocês combinam tanto!...

sábado, 30 de janeiro de 2010

Protesto interiorano



Essa é a minha casa. Essa é a minha rua. Esse aí, agachado, é meu pai. Esse de pé é um vizinho. Essa aí é aquilo que era para ser a rua de casa. Essa rampa, a garagem. 
O buraco é causa da chuva. Chuva que também castigou o pacato interior. Chuvas acontecem em todo o lugar.
Então, você pergunta: 'Que raios o seu pai está fazendo aí?'
Meu pai está consertando a garagem para que possamos, seguramente, sair com nossos carros dela.
Outra pergunta normalmente se seguiria: 'E porque é que, então, seu pai não chama os responsáveis pela manutenção das ruas, que seria, certamente, a prefeitura e seu governante?'
Porque, sabemos todos, o último que tentou fazer isso correu o famoso risco de vida. O penúltimo recebeu como resposta o mais velho dos ditados: 'Os incomodados que se mudem.'
Já que nos é dito um belo 'Vai na frente que eu vou bem depois', o que resta é fazer por si mesmo. Mas, que é um absurdo, é!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O dono da razão... e não só dela!

O mundo explode lá fora. Na minha, na sua, na nossa cara, mas eu, depois que me sento frente a esse computador, me esqueço de tudo. Esqueço de como o mundo gira e de como as coisas são. Cruéis, muito cruéis, crudelíssimas.

Mas, como sempre, parei para prestar atenção numa coisa. E, claro, como não podia deixar de ser, é uma letra de música. E logo, também como não poderia deixar de ser, relembrando fiquei de uma conversa com uma amiga que encontrei no ônibus, na qual recordávamos, além de quanto a vida é cruel, cenas do passado, breves memórias alteradas pelo álcool.....E, de repente, me vi dentro dela! Simples assim, dentro dela!

"Enquanto te desejo
me vejo chorando no meio da rua
beijo teu sorriso num dia de sol
que entra pela porta
e canta pela janela"

..................


"As frases são minhas
as verdades são tuas"
A gente discutindo qualquer coisa e, mesmo que você esteja errado, é mais fácil ouvir você dizer um 'Eu sempre tenho razão!' do que um simples pedido de desculpas. Acaso não é muito semelhante?

Murmurar na chuva, como um refrão, a gente já murmurou. E, desculpe, ficou na memória! Só espero que, agora, a parte final da música se realize.

O ciúme

Acabo de ler num blog que o ciúme deve ser mostrado logo que sentido. Lembrei-me de uma cena, mas não será essa que descreverei porque essa não foi a primeira e nem será a última. Sendo assim, deixarei espaço para a descrição da mais recente.
Você não está, não mesmo. Encontra-se em alguma sonífera ilha, por aí, embriagado, com o clima ou com alguns copos do sumo que mais alimenta sua vida e que nós dois sabemos qual é. Mas suas coisas estão aqui. Sim, suas coisas estão aqui. Em momentos de tecnologias avançadas, ninguém se ausenta por completo. E eu digo graças à deus, ou à deuses- porque, nessa altura do campeonato, eu já nem sei mais em que acreditar-!
Procuro, então, sua presença virtual, porque, desde que te disse boa viagem, já senti sua falta. Ou melhor, como já te disse, sinto sua falta mesmo com a sua presença real. 
O que encontro é um último recado, que eu já tinha visto, da última de suas conquistas, ou do último de seus desejos, e me pergunto o que terás respondido, se é que respondeu. Não vejo, o que me angustia ainda mais. Não me é permitido ver através de um livro fechado. Só o que me foi permitido foi sentir ciúmes e, como você não está, preciso fazer com que a flor exista e não vire um vegetal de cheiro e aspecto desagradáveis aos meus olhos e ao meu olfato. Foi a forma que encontrei...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Prosa de versos

"Quando eu fui ferido/ Vi tudo mudar/ Das verdades que eu sabia/ Só sobraram restos/ Que eu não esqueci/ Toda aquela paz que eu tinha"

Hoje acordei cedo. Mais cedo do que imaginava acordar....
E cedo comecei a destilar meu veneno-piada aos quatro ventos, inclusive virtuais.
O que eu não esperava é que esse veneno-piada fosse virar discussão. Nem que fosse virar discussão com quem virou.

"Você sabe o que é ter um amor, meu senhor/ E por ele quase morrer"

O que me dá raiva é que é fácil dar conselhos, mesmo que eles sejam os mais avessos do mundo, meeeeeeeeeeesmo! E o pior é que os conselhos não servem nem para quem os deu. Mais um motivo de raiva. Mais um dos motivos é como se pode esquecer algo ou alguém de quem não se para de falar e /ou ter notícias? Você queria ajudar? Mesmo? Digo que escolheu o modo errado!

Daqui a pouco, passa, eu sei! Mas o que quero deixar bem claro é que lutarei, lutarei todas as guerras, enquanto eu achar que o sangue derramado ainda vale a pena.

"Às vezes tenho raiva/ Às vezes sinto que a ilusão/ Me faz perdoar / Pois muita gente mente/ Muita gente dá a mão/ Só pra empurrar/ Só pra empurrar/ Te dão a mão/ Te dão a mão/ Só pra empurrar!"


sábado, 23 de janeiro de 2010

Sobre meu livro...

Uma pessoa querida me deu a idéia de escrever um livro. Pensei seriamente a respeito, e acho que só ela compraria.
Escrever, escrevo bem. E sim, resolvi largar a modéstia feito um cão sem dono numa das rodovias em que passei, de madrugada.
Fato é que eu acho que minha vida não é interessante para livros e que nenhuma editora teria 'peito' de arcar com os meus prejuízos... e os dela.
 Mas, como todas as almas meio enlouquecidas pela arte, pelo cigarro, pela cerveja, vinho e/ou outras drogas (i)lícitas se entendem, eu já comecei a pensar em como escreveria. Uma das idéias estava na minha cabeça agorinha agorinha, mas já sumiu.....
 VIDE O NOME DO BLOG!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Querido diário

Já que ninguém visita mesmo e que esse blog parece mais um diário mal escrito, de uma pessoa já chamada de 'brizada ao natural', lá vamos nós....

Querido diário,
Hoje me aconteceram duas coisas. Uma boa e uma ruim. Digo hoje porque, apesar de eu não ter dormido antes, já era dia 20! Uma hora do dia 20, mas já era dia vinte!
A boa foi uma conversa muito interessante, a outra foi uma conversa sem conteúdo. A outra, a ruim.....
Dormi feliz... é gostoso quando tudo dá certo.  Sei lá que ar gostoso é esse que a gente respira quando ama. Mas acordei com a notícia dessa conversa sem conteúdo e me dei conta de que a felicidade, conforme diria aquela música, cujo cantor e/ou compositor eu não faço a mínima idéia de quem seja, tem mesmo um fim, e é rápido, ao contrário da famigerada tristeza.
Eu já tinha notado que fazer diferença é mero acaso, não escolha, porque não adianta você querer fazer a diferença na vida de alguém... ela precisa deixar que você faça isso. É a versão 'tempos modernos' de 'ensinar a pescar, não dar o peixe'... Mas, fato é que eu ainda insisto em querer fazer a diferença na vida de outra pessoa, sem perguntar se ela quer deixar. E isso é frustrante, além de acabar com a minha alegria. A outra conversa, apesar de eu não fazer parte, me fez lembrar disso.
No mais não me aconteceu nada ainda, só um ar sufocado e quente que eu ainda não consegui decidir se é só calor ou é frustração também.

Adeus querido diário. Se, de alguma forma você pode fazer isso, torça por mim!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010


O mundo me deprime. O diesel custa R$ 1,98, o álcool, R$ 1,87 e a diferença entre a gasolina aditivada e a comum é de apenas um centavo. O posto tem o nome que provavelmente você já usou para descrever um coleguinha de quinta série desprovido, segundo seus padrões, tão confiáveis quando esses combustíveis, de inteligência. Talvez eu devesse colocar um plural nesse nome, mas isso me incluiria nessa rebordosa, e eu não decidi ainda se pertenço a ela.
As horas? Nem sei. Meu celular está sem bateria, só para variar. O céu está escuro, o que não me dá garantia alguma. O mundo me engana. É claro e já é tarde. É escuro e ainda é cedo. Pelo menos tenho ele para perguntar as horas. Eu queria outra coisa mas, o fato de eu perguntar as horas e ele responder, por enquanto, é suficiente. Ele me odeia, ele não me odeia, ele me odeia, ele não me odeia.... Eu o amo, eu não o amo, eu não o amo, eu o amo... É utópico, e é para sempre, como todas as utopias, quer morra seu idealizador, quer não. Que engraçado! Se o idealizador, que é mortal logicamente, não morre, para onde é que ele vai? Risível! Que horas são? Cinco para uma. Sinal de positivo.
...
Um gole dessa cerveja, quem é que me dará? Lá vem a lata! Que horas são? Uma e meia. Mais um sinal de positivo.
...
As pessoas andam, para lá e para cá. Eu estou vendo tudo. E elas andam. E me vêem também. Que horas são? Dez para as duas. Vocês vão ficar? Faces em dúvida. Bom, eu vou indo... tenho consulta aman... hoje cedo.
Vai pela sombra! Ela me acompanha, seja lá o que isso quer dizer.
As partículas branco-malévolas serão agitadas no ar livre, por moedas-plástico. Pela moeda-papel, penetrarão entranhas. A dúvida é somente quantas. Se é só a sua ou é a dele também. Me pergunto se deveria ter ficado. Talvez eu salvasse uma alma, talvez eu perdesse a minha. Enfim.....
Parto sem olhar para trás. E agora, a rebordosa é minha, comigo. A mulher-medrosa aguça todos os sentidos e agarra a bolsa, para não ser pega de surpresa. A mulher-forte diz que tudo isso é babaquice e que o melhor é mesmo andar. A adolescente salva-mundo depressiva corre, desesperada e em disparada, e talvez se atire na frente do primeiro caminhão que encontrar. A criança chora mais desesperada que a adolescente. A mulher-forte diz: ande! Dez, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta metros, e a mulher-medrosa olha para trás. Talvez eu devesse ter ficado. Babaquice, diz a mulher-forte. A adolescente salva-mundo já foi dessa para melhor, e a criança ainda chora.
Alguém, lá dentro diz: vai doer só um pouquinho. E a faca é retorcida... Um pouquinho mais, um pouquinho mais. A criança chora. Babaquice, diz a mulher-forte.
Ao final, o que temos é a vitória da mais improvável: a criança. Chego a minha casa, tiro os sapatos que, assustadoramente, se assentaram perfeitamente aos meus pés. Tiro também tudo aquilo que antes era assentado ao meu corpo e que agora me aperta. Um camisão, por favor! E as lágrimas virtuais vertem, como se fossem seguras apenas pelas roupas justas.
A cama é o mais aconchegante que consegui. As lágrimas vertem, a luz apaga e o celular tem sua bateria de volta, assim como a dona, mulher-forte, apesar das outras. O bom é que tudo isso me dá o que escrever, pelo menos.