quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dez anos desde nosso último banho. Dez anos desde a última vez que toquei seu rosto marcado pelas espinhas e pela falta de paciência da adolescência. Dez anos desde que dormimos nosso último sono.
Dez anos sem catar feijão e jogar conversa fora. Dez anos com excursões e sem surpresas quentes no forno.
Dez anos comendo o mesmo frango com batatas. Dez anos sentindo falta do gosto: doce do amor incondicional, salgado do desejo contido.
Dez anos sem música. Dez anos sem canto. Dez anos sem mão direita e sem rosas levar.
Dez anos sem sua alegria, sem seu sorriso, sem suas lágrimas incompreensíveis. Dez anos sem sentido, sem crença, sem festa.
Dez anos e incontáveis vezes eu desejei correr até você. E então, mesmo em meio a processos, amigos verdadeiros e falsos, temperos e cândida, você abriria os braços e só os fecharia até que eu me aconchegasse por completo.
Dez anos desde seu último sorriso, seu último espanto, sua última surpresa...
Dez anos desde o meu primeiro desespero.
Quem dera corda tivesse outra serventia... 

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