segunda-feira, 1 de novembro de 2010

I was looking back on my life...



Procurava um caderno de sexta série, para ver se achava algo mais acessível para meus alunos do que as coisas que levo para eles. Achei um caderno meu de quarta série, cuja matéria era a mesma. Achei também coisas e pessoas: achei minha mãe, achei João Bosco, achei Temptations, achei Straus, achei Verdi, achei o corsa vermelho Goya, achei minhas tentativas de cantoria e a paciência de minha mãe, achei Bee Gees, achei meu choro, achei a bronca, achei Super Baba ... tudo isso em fita K7. Espantei-me. Lembre-me. Também achei: meu Pozzoli, meu Bona, meus croquis, minhas cifras, meus poemas (quando foi que passei a odiar isso? Era tão bom antes!) e.... meu caderno com as etiquetas que fiz do Ozzy para colar em cima do Piu-Piu (onde meu pai estava com a cabeça quando comprou esse caderno? Piu-Piu... ora bolas! Metaleiro com caderno de bicho fofinho... bláh!). Achei dentro desse caderno um texto meu sobre meus amores não correspondidos. Nada de surpresas quanto ao tema, somente quanto à escrita. A Aline do quarto ano de Letras tem plena certeza de que não atingiria tal nível oitava série, se tentasse reescrever esse texto hoje:

Certa vez, em um lugar não muito longínquo, aconteceu um caso de amor. Foi instantâneo, repentino.
 Pobre garota, andava triste como alguém que procura algo incessantemente, sem saber como achar. Ao entrar em um estabelecimento vê o que mudaria sua vida para todo o sempre.
Um rapaz magro, estatura média, aparentemente apenas mais um rapaz dentre tantos que ela já encontrara ou conhecera. Ao observar melhor, maravilhou-se. Era um rapaz de pele branca, cabelos longos de cor avelã.
Passado algum tempo, na nova escola, a garota reconhecera de beleza memorável que uma vez vira. Tudo se transformara. Não havia mal que aqueles olhos verdes e brilhantes, que para ela eram como grandes lagos de águas limpas cercados pelas areias brancas de uma praia deserta, não pudessem curar. Não havia tristeza que aquele sorriso não pudesse matar. Sua presença era simplesmente fundamental. Como um médico que visita um doente. Como a luz que ilumina todos os caminhos a seguir.
 Passara o tempo, dado a garota, para que desfrutasse da presença de seu amado. Só notícias lhe restaram. Só lembranças lhe alimentavam a alma. Não havia esperanças. Nem vida. Só a dor. O lago secou. As areias foram levadas pelo vento e a luz se apagou. É a vida. É o amor. É o amante, o mais insignificante dos mortais.

3 comentários:

  1. Ahhh os K7's esses são mágicos! Gosto de tirar de gavetas "véias" os K7 tb.:D

    RÁ! que texto maravilhoso! Mesmo colocando matemática como primeira matéria no caderno, tenho certeza que esta no curso certo! :D

    Lindo post. bj

    ResponderExcluir
  2. K7 são ótimos e matemática vai virar hobby...Ok, anotado!;D
    Obrigada pelos comentários, meus queridos!

    ResponderExcluir