segunda-feira, 18 de janeiro de 2010


O mundo me deprime. O diesel custa R$ 1,98, o álcool, R$ 1,87 e a diferença entre a gasolina aditivada e a comum é de apenas um centavo. O posto tem o nome que provavelmente você já usou para descrever um coleguinha de quinta série desprovido, segundo seus padrões, tão confiáveis quando esses combustíveis, de inteligência. Talvez eu devesse colocar um plural nesse nome, mas isso me incluiria nessa rebordosa, e eu não decidi ainda se pertenço a ela.
As horas? Nem sei. Meu celular está sem bateria, só para variar. O céu está escuro, o que não me dá garantia alguma. O mundo me engana. É claro e já é tarde. É escuro e ainda é cedo. Pelo menos tenho ele para perguntar as horas. Eu queria outra coisa mas, o fato de eu perguntar as horas e ele responder, por enquanto, é suficiente. Ele me odeia, ele não me odeia, ele me odeia, ele não me odeia.... Eu o amo, eu não o amo, eu não o amo, eu o amo... É utópico, e é para sempre, como todas as utopias, quer morra seu idealizador, quer não. Que engraçado! Se o idealizador, que é mortal logicamente, não morre, para onde é que ele vai? Risível! Que horas são? Cinco para uma. Sinal de positivo.
...
Um gole dessa cerveja, quem é que me dará? Lá vem a lata! Que horas são? Uma e meia. Mais um sinal de positivo.
...
As pessoas andam, para lá e para cá. Eu estou vendo tudo. E elas andam. E me vêem também. Que horas são? Dez para as duas. Vocês vão ficar? Faces em dúvida. Bom, eu vou indo... tenho consulta aman... hoje cedo.
Vai pela sombra! Ela me acompanha, seja lá o que isso quer dizer.
As partículas branco-malévolas serão agitadas no ar livre, por moedas-plástico. Pela moeda-papel, penetrarão entranhas. A dúvida é somente quantas. Se é só a sua ou é a dele também. Me pergunto se deveria ter ficado. Talvez eu salvasse uma alma, talvez eu perdesse a minha. Enfim.....
Parto sem olhar para trás. E agora, a rebordosa é minha, comigo. A mulher-medrosa aguça todos os sentidos e agarra a bolsa, para não ser pega de surpresa. A mulher-forte diz que tudo isso é babaquice e que o melhor é mesmo andar. A adolescente salva-mundo depressiva corre, desesperada e em disparada, e talvez se atire na frente do primeiro caminhão que encontrar. A criança chora mais desesperada que a adolescente. A mulher-forte diz: ande! Dez, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta metros, e a mulher-medrosa olha para trás. Talvez eu devesse ter ficado. Babaquice, diz a mulher-forte. A adolescente salva-mundo já foi dessa para melhor, e a criança ainda chora.
Alguém, lá dentro diz: vai doer só um pouquinho. E a faca é retorcida... Um pouquinho mais, um pouquinho mais. A criança chora. Babaquice, diz a mulher-forte.
Ao final, o que temos é a vitória da mais improvável: a criança. Chego a minha casa, tiro os sapatos que, assustadoramente, se assentaram perfeitamente aos meus pés. Tiro também tudo aquilo que antes era assentado ao meu corpo e que agora me aperta. Um camisão, por favor! E as lágrimas virtuais vertem, como se fossem seguras apenas pelas roupas justas.
A cama é o mais aconchegante que consegui. As lágrimas vertem, a luz apaga e o celular tem sua bateria de volta, assim como a dona, mulher-forte, apesar das outras. O bom é que tudo isso me dá o que escrever, pelo menos.

4 comentários:

  1. amei *-*, muito foda , comecei a ler e nao consigo parar. =D

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  2. eh bom saber que alguns sentimentos são comuns e que existe empatia... bom saber que n estou sozinha... só n é bom ser esse sentimento... poderiam ser outros...
    mas isso acaba de certa forma passando... sempre passa... mesmo que não queiramos...

    mto bom dona aline

    more than three ^^

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