quarta-feira, 4 de julho de 2012

Weekend


"Eu quero me redesenhar, mas alguém sempre fica escondendo a porra do meu lápis".


Acabo de ver Weekend, um filme indicado por um amigo.
A história é de um casal gay masculino e de seu encontro inusitado pelos pubs LGBT [lá eles usam essa sigla ou outra parecida?] de Londres e, obviamente, da relação que surge então.
O filme é muito bem construído, com cenas extremamente tocantes, o que me fez pensar que faria muito sucesso, não fosse pelo inusitado [oi?] casal protagonista.
E é também disso que o filme fala [ou falou para mim]. Trata-se de uma discussão delicada do que é ser gay para si e para os outros.
Glen é muito bem resolvido. Se assumiu aos 16, dando um grande foda-se (sic!) para o mundo, a própria família e o que eles poderiam vir a pensar "It doesn´t matter" (Say it with british accent!), vivendo de acordo com o que acredita.
Russel é um rapaz ultra [cabe aqui? Acho que sim!] romântico, um doce. Não tem família, mas tem UM grande amigo – que, aliás, protagonizará uma das cenas mais bonitas do filme para mim. Tem um medo de se assumir completamente por causa do mundo ao seu redor – o que, para mim, acaba por se revelar mais uma paranoia pessoal do que, digamos, um perigo real-, mas se sente bem sendo gay. É só quando precisa trabalhar, sair, que dá uma indigestão. Nada tão assustador...
Quanto aos outros, fiquei surpresa! O filme retrata a história com uma normalidade que chegou a me assustar, tendo em vista os horrores que se vê fora das telas: Pessoas, ser gay é normal! Pasmem, mas é! E sim, é possível ter, “apesar de” uma vida descente. E amar. E ser romântico. E ter amigos. E ter, inclusive, uma afilhada... olha só!
É quando essas duas atmosferas se encontram e se embatem [Glen quase não entende porque Russel é tão, digamos, recalcado, embora ainda seja um exagero empregar tal palavra] que a mágica acontece: é possível observar ali, nos debates entre as duas personagens, os medos, as opiniões e o modo como encaram a sua orientação sexual. Também há um gravador e uns arquivos do Word feitos por Glen e Russel que, se eu falar mais, acabaram com a beleza da descoberta.
Dois dias. Dois dias é o que eles têm para mudar um pouco cada um- quem vir o filme notará que é uma mudança sutil, mas verdadeira. Dois dias não é nada e é tudo. Dois dias não dá para conhecer ninguém?
Dois dias e um final nada comum, para quem mais vê filmes hollywoodianos [veja bem, não falei mal, hein?] do que europeus, mas um final maravilhoso e bastante poético.
Só há um contraponto nessa história toda: as drogas. Sim, eu sou careta à beça, mas esse não é exatamente o caso. Tentei pensar com a mente Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo [disso]! dos “haters”: dirão eles que tudo é culpa das drogas e das bebidas, que pessoas em sã consciência jamais fariam isso... Bem, posso estar exagerando, o que não seria novidade, mas eu realmente achei que esse é o ponto mais fraco dessa narrativa, o que não me impediu de vê-la até o final e de sim, indicá-la.
Um filme fantástico.... Vale a pena.

Mais informações, aqui [link em inglês].

Nenhum comentário:

Postar um comentário