A autocracia não é possível nos
dias de hoje?
Essa pergunta chave é que
desencadeia os acontecimentos – e posteriores consequências- de um dos filmes
mais surpreendentes a que assisti. Die
Welle (A onda) não é lá um filme tão novo, mas –agora sei que infelizmente-
ainda não tinha visto.
Nesse filme, Reiner é um
professor que é obrigado a dar uma disciplina com a qual não compactua,
anarquista que é: a autocracia. Ele tenta trocar de disciplina com um professor
mais rígido, mas esse não concorda. Que fazer? Dar a disciplina do modo mais
eficaz e competente possível.
A aula começa com uma troca de perguntas
bastante comum, do tipo “O que é para você autocracia?”, a que os alunos
respondem da maneira a que estão acostumados: informalmente.
Até aí, nada de mais, exceto pela
pergunta que desencadeia tudo e que começa esse texto. É por meio dela que o
professor tem a ideia de fazer com que os alunos “sentissem na pele” o que é
estar em um regime autoritário. Um grande experiência, não?
Dia após dia, as bases desse tipo
de regime vão sendo inseridas: o líder, o uniforme, as ordens e preceitos, o
símbolo, o nome, a manipulação. Interessante é notar que as ideias saem da
própria cabeça dos alunos, que são incapazes de notar o tamanho da manipulação
a que estão sendo submetidos com assustadora rapidez. Uma semana e o regime já
está plenamente instalado e aceito pelo grupo, que tenta impô-lo não só aos
alunos da escola, como à sociedade, por meio de páginas na internet, de
adesivos e pichações espalhadas pelas ruas.
O desfecho da história é surpreendente
e faz com que se comece a pensar na força que manipulação tem, na facilidade –em
termos- que é controlar pessoas em alguma fase de desconforto (Na Alemanha
real, era a destruição do país, sua economia e sociedade. No filme, são os
conflitos familiares, entre amigos, entre gostos, a falta de pertencimento a
uma comunidade e a falta de uma ideologia comum).
Interessante aqui –puxando a
sardinha mais para o meu lado, apesar de eu odiar peixe =P- é notar o papel do
professor, que tanto pode guiar seu aluno para o “caminho do bem”, como pode inseri-lo
em ideologias que já não são aceitas [um dia foram?] e consideradas um passado
a não se orgulhar. E, nesse caso, esse papel não só saiu do controle, como foi
muito mais além disso.
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