O que vai na
sua mente?
1947. Sou
pintor e arquiteto frustrado. Gosto de música clássica. Aparentemente sofri
abusos quando era criança – isso talvez explique as altíssimas pesagens de
cocaína ingerida. Tentei ser fértil- isso explica as injeções de sêmen de boi. Cansei. Resolvi dar a volta por cima: esperei
uma crise, fiz meu melhor discurso, agreguei milhões de fiéis escudeiros,
construí salas sem janelas, mas com uma circulação de gás maravilhosa. Matei muitos.
Teria dado certo, não fossem os falsos aliados e um bando de estrangeiros
demasiadamente polidos.
O que vai na
sua mente?
Mil novecentos
e noventa e dois, aproximadamente. Sou um motoboy de 29 anos muito do feio, mas
ambicioso. Resolvi sair para pegar geral, mas a 125 era muito down. Resolvi pegar
uns carros mais legais, umas motos mais bacanas. Comi muitas, apesar dos gritos
de insatisfação. Irritei-me e matei a maioria delas. Teria dado certo, não
fossem duas franguinhas que conseguiram escapar com vida.
O que vai na
sua mente?
Sou uma adolescente
mimada com curso de direito no meio, um namorado, um cunhado e um seguro de
vida muito do satisfatório. Cansei. Chamei namorado, cunhado. Peguei algumas
armas e a chave do quarto. Os matamos enquanto dormiam. Fiz cara de inocente. Teria
dado certo, não fossem os vizinhos e empregados enxeridos.
O que vai na
sua mente?
Jesus. Jesus salva,
mas cobra. Cobra pouco, isso é verdade. Eu não tenho dinheiro para o dízimo do
mês. Papai e mamãe não acreditam. Pedi mesmo assim. Não me deram. Matei. Matei porque
Jesus salva, mas cobra. Teria dado certo, não fossem os vizinhos enxeridos.
O que vai na
sua mente?
Pecado. Salvação. Alguns dizem que Jesus salva.
Eu digo que Ele me deu esse poder. Carnívoros. Receitas. Salvação. Matei, comi.
E não me arrependo... era a única forma de purificação. Teria dado certo, não
fossem as famílias excessivamente preocupadas.
O que vai na
sua mente?
Já fui
enfermeira, agora faço direito. Cansei. Resolvi ser dona de casa: casei com o
herdeiro de uma das maiores empresas de alimentos do país. Um golpe de mestre. Um
belo tempero! Cansei de novo. Resolvi adiantar o dinheiro do seguro de vida. Queria
fazer uma pequena viagem. Simulei uma briga, mandei mensagem para o cunhado,
piquei em pequenos pedacinhos, como manda a boa e bonita culinária, arrumei as
malas e fui. Teria dado certo, não fossem as companhias de telefone.
O que vai na
sua mente?
Tenho vinte e
quatro anos. Chove. Já fiz meu único compromisso de hoje, que é dar comida ao
cachorro. Nada mais sobrou para fazer. Teria dado certo, não fossem a Tv e as
revistas.
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